quarta-feira, 25 de abril de 2012

Salvador de 1951 é descrita em guia relançado pela UFBa

Museu de Arte da Bahia abriu as portas para mais um evento cultural
O lançamento da segunda edição do livro Bêabá da Bahia - Guia Turístico, de José Valladares (Edufba, 2012) reuniu uma plateia atenta no início da noite desta terça-feira, 24, no Museu de Arte da Bahia, no Corredor da Vitória, instituição da qual o autor foi o fundador e um dos diretores (de 1939 a 1959). O evento foi realizado no auditório do MAB, um dos poucos casarões que ainda restam na rua que já foi a mais charmosa da cidade, com uma mesa redonda da qual participaram o professor Fernando da Rocha Perez, que assina o prefácio da publicação, o arquiteto Lourenço Muller, doutor em urbanismo e ciências socais, e a atual diretora do museu, Sylvia Athayde, que leram trechos e falaram sobre o autor.

José Valladares, que faleceu em 1959 em acidente aéreo, foi um grande incentivador das artes plásticas na Bahia, sendo um dos idealizadores do Museu de Arte Moderna (hoje funcionando no Solar do Unhão, na Avenida Contorno) e criador dos Salões Bahianos de Belas Artes. O guia - publicação imperdível para um visitante que queira agregar cultura e história à sua estadia na cidade - passeia, através das palavras do autor e das ilustrações do artista carioca Carlos Thiré (1917-1963), pai do ator e diretor Cecil Thiré, pela Cidade da Bahia do início dos anos 50. A primeira edição data de 1951. A sonhada segunda edição não chegou a sair, mas foi resgatada este ano como um dos títulos da Coleção Nordestina da Editora da  Universidade Federal da Bahia. Na mesa redonda, os participantes destacaram trechos do livro que dão a medida da delícia de texto que é o Bêabá da Bahia. Eles criticaram ocupação desordenada dos espaços em Salvador e a especulação imobiliária, entre outros fatores que diferenciam a atual da capital baiana descrita em 1951.


No prefácio, Fernando da Rocha Perez compara a obra a uma jóia e ressalta a sua importância:
"Pode-se marcar a importância da reedição deste livro não só por seu conteúdo exemplar, com a qualidade do seu texto e a beleza das ilustrações, mas também como seu valor como documento ou fonte de natureza histórica ou antropológica sobre a "cidade da Bahia", uma sutil e delicada apresentação da sua cultura, arquitetura e monumentos."
Edição original do livro de José Valladares exposta no auditório do MAB
A publicação tem 140 páginas com temas que abordam história, costumes, artes e letras, Bahia pitoresca, os clubes da época, igrejas, monumentos, governantes, artes, culinária, pesca, feiras e assim por diante. O autor começa com a explicação do porquê da Bahia com o "h", e indica latitude e longitude da cidade de população, àquela época, de 425 mil habitantes. Sim, o Bêabá descreve apenas a capital do estado. Depois das explicações de praxe, Valladares traça um Roteiro para o Visitante Apressado no qual recomenda:
"Peça que o levem até a Praça Municipal. Aí chegando, de costas para o mar, ponha a mão no peito, concentre-se e medite: aqui começou o Brasil a ser um país organizado."
Em seguida, "leva" o visitante por todo o Centro Histórico - observe bem as descrições de como era naquela época a área tornada, depois, Patrimônio da Humanidade, pela praia da Barra e segue pela orla antiga até chegar a Itapuã, onde é dever do visitante beber "uma água de coco gostosa e refrescante". Para quem prefere panoramas, o autor sugere:
"Dirija-se, então, ao outro extremo da cidade, o farolete de Monte Serrat. Terá toda a Bahia diante de si, uma recordação de majestade que nunca se apagará de sua memória".
Pelo menos neste quesito, ainda é assim até hoje. Mais não conto, porque o livro é imperdível. É melhor comprar e ler. Pode ser encontrado na livraria da UFBa ou na lojinha do Museu de Arte, no Corredor da Vitória, ao preço de R$ 25. Vá lá, compre o Bêabá da Bahia - Guia Turístico, aproveite para conhecer o rico acervo do museu - boa parte dele, obra de "garimpo" de José Valladares - e depois visite a "Cidade da Bahia" sob o ponto de vista proposto pelo autor. Bom passeio!

As duas edições do Beabá da Bahia Guia Turístico

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