segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Uma boa sugestão de visita neste Natal: Memorial Irmã Dulce


A grande maioria dos baianos, principalmente os de Salvador, tem carinho especial por Irmã Dulce. Isso pode ser provado de várias maneiras mas, principalmente, pela historinha a a seguir...

Irmã Dulce estava passando por problemas graves de saúde, já muito debilitada e necessitando do máximo de repouso. Era praxe, durante a passagem do cortejo da Lavagem do Bonfim (festa tradicional, popular e religiosa, que geralmente ocorre na segunda quinta-feira após o dia de Reis, no mês de janeiro) que a irmã aparecesse em uma das janelas da sede da OSID (Obras Sociais Irmã Dulce e Hospital Santo Antônio), no bairro de Roma, para ver a passagem das baianas, povo, autoridades. Naquele ano, ela não poderia aparecer e precisava de silêncio.

Houve, então, uma grande campanha nos dias que antecederam a festa: "faça silêncio para Irmã Dulce". E assim o foi. Quando o cortejo de baianas, acompanhado de uma multidão (tradicionalmente, a caminahda sai da Conceição da Praia, no Comércio, e vai até a Igreja do Bonfim, na Cidade Baixa) chegou ao início do Largo de Roma, todos os trios elétricos (havia, naquela época, hoje não mais), carros de som, batucadas, cantorias e conversas cessaram: um silêncio gigantesco tomou conta da multidão, que passou tranquilamente defronte àquela mesma janela em que ela costumava aparecer para saudar o cortejo e ser saudada por seus conterrâneos e visitantes.

Quem presenciou, se impressionou com a capacidade dos baianos e turistas em amar uma pessoa. Não se ouvia palavra. Lá, bem longe, já ao pé da ladeira da Colina Sagrada, a festa recomeçou.

A sugestão de hoje, nesta véspera de Natal, é uma visita ao Memorial Irmã Dulce. Fica no mesmo local onde funciona a OSID (Obras Sociais Irmã Dulce), no bairro de Roma, em  Salvador. Foi criado em 1993, um ano após a morte de Irmã Dulce. Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, que nasceu em Salvador em 26 de março de 1914, começou, ainda em casa de sua família, aos 13 anos de idade, a ajudar pessoas pobres. Em 1933, ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, adotando o nome de sua mãe, Dulce. Em 1939 começa a ocupar espaços abandonados da cidade para abrigar pessoas carentes. Dez anos depois, transforma um galinheiro (isso mesmo!) em um abrigo: assim nascia oficialmente sua obra social.

Irmã Dulce morreu em 13 de março de 1992, aos 77 anos e em 2000 foi iniciado um processo para a sua canonização. Em 22 de maio de 2011 recebeu o título de Bem-Aventurada Dulce dos Pobres, passo anterior ao da canonização. Para os católicos, o dia oficial da Beata Irmã Dulce é 13 de agosto, data em que tornou-se irmã de caridade. A imagem oficial mostra a freira com uma das mãos no coração e a outra sobre a cabeça de uma criança. Sua obra é composta de hospital, abrigo para crianças, abrigo para idosos, o memorial e o santuário, onde, em uma capela, repousam seus restos mortais.

Vamos visitar? E com trilha sonora...




O Memorial irmã Dulce possui estacionamento gratuito, entrada franca e monitores/guias para acompanhar a visita e dar as explicações sobre a história e objetos expostos. É climatizado e muito bem organizado. Funciona de terça a domingo, das 10 às 17h. O visitante pode ver a capela do Hospital Santo Antônio, conhecer o local exato onde ficava o galinheiro depois transformado em abrigo, o memorial e o santuário. Informações: (71) 3310-1115 ou 0800-284-5284.


Geralmente, é a última parte da visita: a capela onde está o jazigo perpétuo
e a foto onde ela sorri e parece nos olhar. Os visitantes deixam, como ex-votos 
ou pedidos de graças, bilhetes, cartas, fotos, fitas e flores, além de  amarrar fitinhas 
nas grades dos portões do lugar. 
Na capela do Hospital Santo Antônio, a guirlanda de flores azuis
marca o local onde Irmã Dulce sentava-se para as suas orações.
O quarto de Irmã Dulce: a cadeira onde ela dormia, 
o cofre onde guardava as doações e outros objetos pessoais.
A janela de onde ela assistia à passagem do cortejo também pode ser vista
Entre os objetos pessoais expostos, um bilhete de Irmã Dulce à sobrinha
e afilhada Maria Rita Lopes Pontes, atual presidente da OSID.

Se quiser, pode fazer um roteiro de turismo religioso, integrando, ao passeio, os caminhos de Irmã Dulce: começar pela Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, da congregação à qual ela pertencia e onde foi inicialmente sepultada. O local ainda é sinalizado no interior do templo. Nas proximidades da Conceição da Praia estão outras atrações turísticas como o Elevador Lacerda e o Mercado Modelo. O passo seguinte é a Feira de São Joaquim, onde há produtos religiosos e produtos típicos da Bahia. Ela fazia também ali sua peregrinação em busca de doações para as obras. Depois da OSID, o Abrigo Dom Pedro II é o passo seguinte e, finalmente, a Igreja do Bonfim.

Leia e veja mais fotos aqui.

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