sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Baiana do acarajé será fiscalizada para preservar a tradição

Foto: Silvianasci salvadoremumdia
Tradicional e elegante, a baiana e seus quitutes fazem parte de Salvador
O jornal Correio publicou nesta sexta-feira, 13, uma ampla matéria sobre a fiscalização que a Prefeitura de Salvador começará na cidade junto às baianas do acarajé que comercializam o mais tradicional quitute da capital baiana. De acordo com o Correio* (clique e leia a matéria completa), a prefeitura anunciou que publicará em 20 dias uma portaria para atualizar um decreto de 1998 (número 12.175), que regulamenta o ofício das baianas do acarajé e dos vendedores de mingau em Salvador. Uma rigorosa fiscalização da venda do produto na capital baiana começará logo em seguida.

Baiana  de eventos e sua bela indumentária que enfeita a cidade
O objetivo da medida municipal é a preservação da cultura e evitar a descaracterização de um dos principais símbolos da Bahia. A baiana, seu ofício e os quitutes, especialmente o acarajé, são tombados como patrimônio imaterial nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), justifica o executivo municipal. Um dos principais motivos da polêmica seria a venda do produto por pessoas que têm evitado usar os trajes típicos e que, inclusive, criam novos nomes para o tradicional acarajé.


Ialorixás do Candomblé e seus belos trajes rituais na festa do Rio Vermelho

Como se sabe, o bolinho de feijão fradinho e cebola frito no azeite de dendê em presença do freguês faz parte da cultura baiana e é um dos símbolos de Salvador. No Candomblé, cujo nome significa "bola de fogo", é considerado comida do orixá Iansã. A questão religiosa associada à delícia culinária gerou a discussão na cidade. Destaco alguns argumentos enfatizados no texto do jornal Correio...

"O acarajé vendido na rua não é sagrado e as evangélicas têm o mesmo direito de vender”, analisou o antropólogo Jeferson Bacelar.  "Não é uma questão religiosa e, sim, de preservação da cultura”, afirma Rosemma Maluf, secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop). “Vestir uma roupa não significa nada, pois não é isso que vai mudar a minha fé”, argumenta a baiana evangélica Ângela Livino, que trabalha na Avenida Garibaldi. Ela não se importa em ter que vestir a roupa tradicional da baiana.  “Não importa qual a religião. É para preservar a identidade cultural das baianas”, justifica a  presidente da Associação de Baianas de Acarajé, Mingaus, Receptivos e Similares do Estado (Abam), Rita Santos.

Memorial das baianas homenageia um dos símbolos de Salvador
Um pouco da história do tombamento. O tombamento do acarajé como patrimônio nacional (assim como a regulamentação da atividade das baianas como profissão) foi decidido, em 1º de dezembro de 2004 em uma reunião do Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) realizada no Museu de Arte Sacra, que contou com a presença do cantor e compositor Gilberto Gil, à época ministro da Cultura. Neste dia, o conselho se reuniu pela 45ª vez após 20 anos sem fazê-lo.

O ofício das baianas de acarajé foi registrado pelo Iphan Livro dos Saberes como patrimônio de natureza imaterial brasileiro em janeiro de 2005. De acordo com o Iphan, "o Ofício das Baianas de Acarajé é um bem de natureza imaterial e consiste na prática tradicional de produção e venda em tabuleiro das chamadas comidas de baiana, feitas com azeite de dendê e ligadas ao culto dos orixás. Entre as comidas de baiana destaca-se o acarajé, bolinho de feijão fradinho preparado de maneira artesanal."  

Em 2005, o acarajé também foi reconhecido como Patrimônio Cultural de Salvador pela Câmara Municipal e em 2009 foi criado o Memorial da Baiana do Acarajé, que está localizado na Praça da Sé (Centro Histórico de Salvador). (Fotos: Silvia Maria Nascimento / silvianasci / Salvador em um dia)

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