Antiga igreja hoje é um centro cultural da prefeitura
Em uma semana começa o Carnaval que, em Salvador tem, oficialmente, cinco dias, desde que, em 1981, entusiasmado pelo sucesso do ano anterior, o então governador Antonio Carlos Magalhães (1927-2007), em seu segundo mandato (1979-1983) assinou decreto instituindo ponto facultativo na sexta-feira, criando um dia a mais para a festa, que antes era realizada de sábado a terça-feira.
Para quem gosta muito de folia e de história, há uma programação interessante que começa a partir desta segunda-feira, 13, em dois espaços culturais do Centro Histórico. A exposição Memória do Carnaval, da Fundação Gregório de Mattos, acontece na Casa do Benin (Pelourinho) e no Espaço Cultural da Barroquinha. As fotografias fazem parte dos acervos do Arquivo Histórico Municipal e da Secretaria de Comunicação (Secom), apresentando como era o estilo da festa desde a década de 1940 (século 20) até os dias atuais.
A Barroquinha é um dos sítios importantes da cidade antiga e tem história intimamente ligada à descendência africana do povo de Salvador. Um dos acessos ao bairro é feito pela escadaria (antes ladeira), localizada exatamente entre o final da Avenida 7 e o início Praça Castro Alves. A Avenida 7, no centro da cidade, tem sentido único com destino ao Centro Histórico, e a escadaria da Barroquinha fica logo à direita, ao final da Ladeira de São Bento.
Antigo Cine Glauber Rocha visto do acesso a Barroquinha
Por este acesso, não há como passar de carro. Após a escadaria estão as barracas de comércio informal, com artigos diversos, material de couro e as ervas aromáticas e religiosas. Entre os vendedores de folhas, está a simpática Rosa Neris, moradora do bairro do Lobato que, há 20 anos, diz ela, trabalha no local, recebe moradores da cidade e turistas interessados nos famosos banhos perfumados. Rosa até dá algumas dicas, é só perguntar. "Turista vem muito aqui", comemora, embora com um tanto de desânimo por causa do baixo movimento registrado durante os dias de greve de parte dos policiais militares da Bahia (iniciada em 31 de janeiro).
A vendedora mostra a variedade de folhas para 'banhos'
O Espaço Cultural ocupa o prédio restaurado da antiga igreja de Nossa Senhora da Barroquinha. A área tem história relacionada ao primeiro terreiro de Candomblé da Bahia, que deu origem aos que hoje carregam o título de mais antigos e importantes representantes da religião afro-brasileira, como a Casa Branca (atualmente localizado na Avenida Vasco da Gama), o Ilê Axé Opô Afonjá (São Gonçalo) e o Gantois (Federação). O terreiro primitivo ficava no terreno onde foi erigido o templo, tombado como patrimônio histórico em 1941. A igreja, construída entre 1722 e 1726, sofreu incêndios, teve imagens roubadas e ficou por anos em abandono, até ser reformada e transformada no espaço cultural em 2009.
O público que for conferir a mostra apreciará os antigos trios e fantasias utilizados pelos baianos desde a década de 40 aos dias atuais para comemorar no Carnaval, destacando sua evolução e levando à reflexão sobre o significado da festa para a cidade, sua cultura e sua economia. Fonte: FGM
Detalhe da lateral do antigo templo de 1726
A exposição pode ser vista de 13 (inauguração às 16h na Casa do Benin) a 29 de fevereiro de 2012, das 9 às 17h, com entrada gratuita.
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