quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Procurando Nemo: da Lapa ao Pelourinho

azul
Fachadas do Pelourinho em dia de sol intenso

Apesar dos boatos e recomendações, não poderia ficar em casa com tanta coisa acontecendo do lado de fora do meu bairro. Fui ao Centro Histórico ver como estava o dia ensolarado por lá. Com a luz do sol, alguns monumentos, mesmo sem uma pintura ou sem a restauração devida, tornam-se mais bonitos. Queria ver, também, se os turistas estavam tranquilos em seu passeio pela cidade.

Dois navios atracaram no Porto de Salvador, um deles o gigantesco MSC Orchestra, por isso grupos de turistas com seu guias andavam por toda parte. Geralmente, o passeio deles começa na Cidade Baixa e chegam à Cidade Alta pelo Elevador Lacerda. Sobre o Lacerda, ainda não informei mas informo agora: precisa de uma boa pintura na fachada histórica. Nossas fotos agradecem. A vista da Baía de Todos os Santos, com o sol brilhando, o mar oscilando entre o azul e o esmeralda, muitos barcos ancorados na marina, estava fascinante nesta quarta-feira, 8 de fevereiro. Não resisti a mais uma foto.

O passeio começou, mesmo, na Estação da Lapa, onde desembarquei do ônibus (sim, é de ônibus que "viajo" por Salvador!). Perguntei ao motorista, mais apto a dar a informação, se, naquele instante em que chegamos, o movimento estava normal para o horário e ele disse que sim. "Normal; 'tá até cheia", disse Marcos, da empresa Verdemar. Honestamente, achei a estação com pouco movimento mas ele passa por lá todos os dias, nos mesmo horários, então, confiei em sua avaliação.

Passei pelo Shopping Piedade, um dos dois grandes do centro da cidade (com o Shopping Lapa) e ouvi opiniões divididas em relação ao movimento: "normal", disse uma; "'tá mal", disse outra. Segui para a Avenida 7, passando por uma rua lateral ao shopping, onde funciona um mercado ambulante ao ar livre: foi bem mais fácil passar por ali hoje do que em dias normais, acreditem. O mercado popular de ambulantes lota de tal forma em dias úteis que não é raro as pessoas se baterem e ter "engarrafamento" de gente. Na verdade, parecia que hoje, uma quarta-feira, era um sábado ou véspera de feriadão, com as pessoas se preparando para um fim-de-semana prolongado.

A Avenida 7 já foi uma das principais artérias de Salvador. Hoje é tomada pelo comércio formal (lojas de móveis, roupas, entre outros) e o popular (de vendedores que ocupam quase toda calçada). Se o turista resolver andar por ela, deve apurar a vista para achar bonitas igrejas, arquitetura semi escondida por marquises feias, o histórico Relógio de São Pedro entre árvores e o monumento ao Barão do Rio Branco, cercado por bancos mas com o gramado danificado. A Praça da Piedade já está recebendo os tapumes para protegê-la durante o Carnaval.

Como também queria ver e fotografar a força de segurança que patrulha a cidade por causa da greve de parte dos policiais militares e bombeiros do estado, percorri a pé, procurando os soldados e conversando com as pessoas. A quem perguntei, foi confirmada a presença do Exército - "acabou de passar por aqui" - mas confesso que só as vi na esquina da Praça da Sé com o Terreiro de Jesus na Rua Guedes de Brito, no Pelourinho.

No entanto, encontrei policiais militares ("toda greve deve manter 30 por centro da categoria trabalhando", disse um deles) no Relógio de São Pedro, na Praça Castro Alves, na esquina da Rua da Ajuda, Praça da Sé, Terreiro e Pelourinho. Descobri pelos telejornais, mais tarde, que o contingente estava praticamente todo no Centro Administrativo, na Paralela, onde grevistas ocupavam o prédio da Assembleia Legislativa da Bahia, Palácio Deputado Luís Eduardo Magalhães, desde 1º de fevereiro*.

Ouvi das pessoas que, todo final da tarde, o patrulhamento era intensificado no Centro Histórico, mas o comércio continuava baixando as portas mais cedo do que o habitual. À medida em que a tarde avançava, também avançavam os trabalhadores que estão montando as estruturas para o Carnaval: a passarela do colorido e divertido desfile gay de fantasias que acontece na Praça Municipal na segunda-feira de Carnaval, defronte ao Palácio Thomé de Souza, sede da Prefeitura, está bastante adiantada. Tem palcos sendo montados, também, na Praça Castro Alves, da Sé e Pelourinho.

No meio do caminho, antes de chegar à Praça Castro Alves e, em seguida, à Municipal, fiz uma pausa para fotografar o Mosteiro de São Bento, e foi justamente no horário dos cantos do Ofício dos Monges. A acústica fantástica da basílica, a melodia do órgão e das vozes afinadas serviram de trilha sonora perfeita para fotografar o interior do templo. Recomendo que o turista evite usar flash para não incomodar o momento de orações cantadas. Uma outra observação: assim como no mosteirinho da Graça, como a Igreja da Graça é chamada pelo pessoal do MSB, também aqui a gentileza é a marca registrada de quem trabalha e recebe os visitantes.

E lá vou, seguindo o passeio. Encontrei turistas de Curitiba bebendo água de coco na banca de Léo, perto da Ladeira de São Bento. Estava a R$ 1 para acabar, segundo ele, mas o preço normal é R$ 1,50. "Vou divulgar. Não vai cobrar mais caro quando o turista chegar aqui", disse e ele riu, o que pode significar que o preço vai oscilar. Já na Praça Castro Alves e Rua Chile, o número de pessoas era menor mas não havia sensação alguma de insegurança. Vi as personagens conhecidas (de outro post) trabalhando normalmente.

Cheguei, finalmente, ao Pelourinho ao mesmo tempo que um dos grupos MSC Orchestra. Dei sorte: a banda da Escola do Olodum vinha por outra rua, com a sua percussão característica, sob a regência do sorridente Mestre Pacote. O grupo, de 51 crianças e adolescentes, parou defronte à Casa de Jorge Amado, cujo azul da fachada se integra de forma harmoniosa com o azul do céu, em tarde clara, e fez um show. Dia de sorte. Hora de terminar com chave de ouro este post. Amanhã tem fotos!
Exército mantém segurança das ruas do centro da cidade

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