O Palácio Rio Branco domina a paisagem da 1ª praça de Salvador (Fotos: Silvianasci/Salvadoremumdia) |
O turista (ou o morador) que visita o Centro Histórico de Salvador, passa pela atração, olha, faz foto de vários ângulos, mas não entra. Então, vamos fazer isto por você que está sem tempo para ver quantas coisas lindas está perdendo.
Começamos com o Palácio Rio Branco, o majestoso antigo Palácio de Governo, localizado no sítio que originou a cidade de Salvador em 1549. A que temos hoje não é, claro, a primeira versão, erguida por e a mando do capitão e governador-geral Thomé de Souza, fundador da cidade, naquele ano, em taipa e palha, para ser a sua moradia e sede da capital da colônia.
Em estilo colonial, abrigou o governo do Brasil de 1549 a 1763, quando a capital foi transferida para o RJ (Foto: Internet) |
Localizado em uma ampla praça, no alto da colina escolhida por Thomé de Souza para a cidade-fortaleza, ocupou um dos lados do quadrilátero, tendo à sua direita a Casa de Cadeia e Relação (hoje sede da Câmara Municipal). Foram os dois primeiros edifícios da sede da colônia recém-fundada.
À esquerda a Câmara Municipal e à direita o Rio Branco. Consta que existia um passadiço entre os dois prédios (Internet) |
Reconstruído no século XVII, em pedra e cal, com projeto do beneditino frei Macário de São João, a residência e palácio de governo foi reinaugurado em 6 de janeiro de 1663. Ao longo de sua história, hospedou personalidades diversas. Em 22 de janeiro de 1808, a corte portuguesa chega à Bahia, fugindo da invasão de Napoleão a Portugal. Desembarcam na cidade a Rainha Maria I e o príncipe D. João (mais tarde regente do reino e, finalmente, com a morte da rainha, rei D. João VI).
Na ampla praça onde está localizado, o Rio Branco divide as atenções com o Palácio Thomé de Souza, sede municipal... |
Em 26 de fevereiro de 1826, desembarca em Salvador o Imperador D Pedro I, a imperatriz D. Leopoldina, a filha de ambos, D. Maria da Glória (futura Maria II, de Portugal - sim, Portugal teve uma rainha carioca!) e a Marquesa de Santos, então amante preferida do imperador. D. Pedro instalou a esposa e filha no prédio da Casa de Relação (hoje Câmara Municipal), ligada ao palácio por um passadiço, e ficou com a marquesa no Palácio de Governo. Em 12 de outubro 1859 chega a Salvador o imperador D. Pedro II e a imperatriz D. Maria Teresa, que também hospedam-se no edifício.
...e o Elevador Lacerda. Entre os dois prédios, um mirante de onde se tem a bela vista da Baía de Todos os Santos |
Sede do governo geral de 1549 e 1763, o palácio sofreu outras reformas até chegar à fachada atual. Uma delas, a do século XX, foi ocasionada pelo bombardeio efetuado na cidade do Salvador, a mando do Presidente da República Hermes da Fonseca.
Uma ala inteira do prédio ficou em ruínas depois dos tiros dados do Forte de São Marcelo em 10 de janeiro de 1912. Foi restaurado no governo JJ Seabra, mas reinaugurado apenas em 1919, pelo governador Antônio Muniz Sodré de Aragão. O palácio reerguido recebeu o nome em homenagem ao Barão do Rio Branco.
Após uma das reformas, a do final do Século XIX. Já no início do Século XX foi alvo de bombardeio e ficou destruído |
O prédio atual tem projeto do arquiteto italiano Júlio Conti e concepção de interiores de Filinto Santoro, da Real Universidade de Nápoles. A sua mais recente restauração aconteceu em 2010 (Século XXI). O Rio Branco tem fachada eclética, refinado interior em estilo do período belle époque. Está a 70 metros de altura do nível do mar, acima da Baía de Todos os Santos.
Conserva mobiliário de época, pisos em mármore xadrez, escadarias em vidro aramado, tapetes vermelhos. Apresenta o símbolo da República em relevo no teto. Estátuas complementam a decoração do interior.
Fachada voltada para a baía, como o palácio é visto a partir da Cidade baixa |
Conserva mobiliário de época, pisos em mármore xadrez, escadarias em vidro aramado, tapetes vermelhos. Apresenta o símbolo da República em relevo no teto. Estátuas complementam a decoração do interior.
Escadarias logo á entrada principal. O monumento conserva, ainda, uma coleção de estátuas, como a de Poseidon, ao fundo |
Seguindo à direita, após a entrada, há os salões hoje usados para exposições. repare no teto em jacarandá trabalhado |
Detalhes do teto |
Logo após o salão, a varanda, tendo na lateral o Elevador Lacerda e à frente os jardins do palácio e a vista da Cidade Baixa |
Olha lá o Forte São Marcelo, de onde partiram os tiros do bombardeio de 1912, o terminal marítimo e o Mercado Modelo |
Atualmente, o palácio Rio Branco abriga o Memorial dos Governadores (aberta ao público) e a sede de algumas repartições públicas estaduais, o que impossibilita ao visitante entrar em algumas de suas dependências, como a parte superior onde, antes, aconteciam as visitas guiadas.
O Memorial possui coleções de objetos e documentos da vida privada, cotidiana, profissional e governamental que pertenceram aos Governadores do Estado da Bahia, e pinacoteca composta por 47 retratos de autoria de artistas importantes na técnica de retratar personalidades. Nele pode ser visto o retrato do primeiro baiano a ocupar a Presidência da república, o médico Manoel Vitorino Pereira, segundo governador da Bahia republicana.
De volta á entrada, o símbolo da República no teto,. Agora sigamos à esquerda em direção ao memorial dos Governadores |
Inaugurado em 1986, o memorial administrado pela Fundação Pedro Calmon preserva a história dos governadores ... |
...baianos a partir da Proclamação da República em 1889 |
Entre os quadros, o primeiro baiano a ocupar a Presidência da República, Manoel Vitorino Pereira (1º da foto) |
Vamos ver também o que há na área restrita...
Na parte fechada ao público, estão o Salão dos Espelhos com o mobiliário em estilo Luis XV. A escadaria de ferro e cristal, procedente da França, dá acesso a esse salão. Também no piso superior pode-se ver a sala, onde os governadores despachavam, que evoca Pompéia, tendo um Mural das Bacantes. Vamos subindo...
Na parte fechada ao público, estão o Salão dos Espelhos com o mobiliário em estilo Luis XV. A escadaria de ferro e cristal, procedente da França, dá acesso a esse salão. Também no piso superior pode-se ver a sala, onde os governadores despachavam, que evoca Pompéia, tendo um Mural das Bacantes. Vamos subindo...
Salões, móveis e decoração passaram por reforma em 2010, mas infelizmente não podem ser visitados pelo público |
Salão dos Espelhos |
Salão dos Espelhos |
Pátio interno, outra área inacessível ao visitante (Fotos Vaner Casaes/Agecom/GovBA) |
Serviço
O quê: Palácio Rio Branco / Memorial dos Governadores
Onde: Praça Municipal, Centro Histórico de Salvador
Ver em que passeios: City Tour; Centro Histórico; ou Mercado Modelo/Bairro do Comércio, subindo pelo Elevador Lacerda
Quando: qualquer época do ano. Só é fechado durante o Carnaval
Quanto: entrada gratuita
Como chegar: ônibus, via Avenida 7, descendo na Rua Chile e seguindo a pé (é perto); ou via Avenida do Contorno, descendo defronte ao Elevador Lacerda (parte baixa) e subindo até a Praça Municipal. Táxi: via Avenida 7 ou via Baixa dos Sapateiros descendo na própria Praça Municipal.
Informações: Setor de Museologia da Fundação Pedro Calmon (71) 3116-6928
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