segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Livro sobre Clarindo narra história da vida cultural de Salvador

Clarindo Silva e Cantina da Lua: porta de entrada para o Pelourinho (reprodução/livro)


Todo mundo estranha o fato de que em Salvador o Dia da Consciência Negra - que será comemorado nesta terça-feira, 20 de novembro - não seja feriado. Não precisa. Desta cidade partiram importantes movimentos que resultaram em ações concretas hoje existentes por todo o país. Das ruas do seu Centro Histórico, por exemplo, entre os anos 70 e 80, surgiu o politizado Movimento Negro Unificado (MNU).

Essa parte da história da Cidade da Bahia poderá ser conhecida com um bom "molho" dos costumes, festas e modo de ser de seus moradores através da biografia de um típico morador da capital, "Clarindo Silva, o Dom Quixote do Pelourinho", do jornalista Vander Prata, que será lançada nesta terça-feira, 20, na Assembléia Legislativa, Centro Administrativo, às 16h30.

Para saber quem é Clarindo, é preciso dar uma chegadinha ao Terreiro de Jesus, onde reina um dos mais tradicionais restaurantes daquela região, a Cantina da Lua. Se preferir, leve o livro, sente lá mesmo, peça uma bebida, um tira-gosto e leia, olhando em volta. Clarindo Silva é figura popular no Centro Histórico e a sua cantina, ponto de partida para as ruas e ladeiras tão cheias de atrativos para o turismo.

Ela é vista logo que o visitante passa da Praça da Sé para o Terreiro de Jesus, localizada defronte ao prédio da antiga Faculdade de Medicina, na esquina com a Rua Alfredo de Brito. Mesmo com a fachada escondida por toldos, colocados para dar mais conforto aos clientes, a beleza do casarão antigo ainda pode ser apreciada. Melhor ainda provar as delícias típicas do cardápio. Por suas mesas, já passaram artistas, políticos, jornalistas, intelectuais, visitantes ilustres e também os desconhecidos. É neste ambiente que se desenvolve a narrativa de "Clarindo Silva, o Dom Quixote do Pelourinho".

Cantina nos anos 1970


O livro conta como dali saíram/surgiram as primeiras conversas que resultaram nos famosos blocos de carnaval Ilê Ayiê, Olodum e Badauê, e as primeiras reuniões de criação do Movimento Negro Unificado. Foi o quartel general dos melhores do samba de Salvador: Batatinha, Riachão, Edil Pacheco, Walmir Lima, Bob Laô, Chocolate da Bahia, Ederaldo Gentil, Paulinho Camafeu, Claudete Macedo, Panela e tantos outros. Parte da história está nas paredes do restaurante, onde placas de ruas, avenidas, alamedas e viadutos homenageiam artistas e personalidades amigas da casa.


Placas de rua homenageiam os ilustres que ali passaram



O autor, que gravou mais de 80 horas de depoimentos com Clarindo, a família e amigos, narra também as lutas pela preservação do Centro Histórico. Uma das iniciativas, o Projeto Cultural da Cantina da Lua, nos anos 1980, por exemplo, realizou em  mais de dez anos cerca de 800 shows no Largo do Terreiro de Jesus. "A Cantina da Lua tornou-se morada, porto, festa, bênção, castelo, farol de São Salvador. Um espaço de baianidade único, pois Clarindo de tudo cuida e conserva, mesmo a despeito das ressacas, das marés, dos tempos de glória e decadência do Pelourinho", afirma Vander.

Autor, obra e personagem central

Vander Prata é jornalista, radialista e publicitário, atua desde 1975 na imprensa baiana, foi repórter e editor-chefe do Jornal da Bahia, colaborador de A Tarde, diretor de jornalismo da TV Educativa, Sub-Secretário de Comunicação da Prefeitura de Salvador e repórter nas sucursais de O Estado de São Paulo, Jornal do Brasil, O Globo e da Editora Abril, entre outros trabalhos.

O Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de novembro, será celebrado também com os lançamentos das biografias do jurista Milton Santos, escrita pelo jornalista Waldomiro Santos Júnior, e do psiquiatra  Juliano Moreira, pelo jornalista Alexandre Lyrio, também da coleção "Gente da Bahia".

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