Vista do lago com o antigo estádio da Fonte Nova ao fundo
"Fui ao tororó beber água e não achei." Os versos da canção de roda tradicional só fizeram sentido mesmo quando vi, pela primeira vez o dique, na infância. Um braço do lago ia dar em terras do meu bisavô, o velho Amintas, já herdadas pelas tias-avós e avó. Pegava girino (larva de sapo) pensando ser peixinho. Nem sabia da imensidão daquele laguinho cheio de peixinhos.
Pois hoje considero que, se tem um lugar gostoso de passear e fotografar em Salvador, este é o Dique do Tororó. O lago, cuja história revela ser obra dos holandeses quando estiveram na Cidade da Bahia no século XVII (fato contestado pelo professor Cid Teixeira), abriga as árvores mais bonitas da cidade. Flamboyants dos anos 60, sugestão de Burle Marx. De igual beleza são as imagens dos orixás, implantadas na Bacia d'Oxum, local de culto e entrega de presentes nas festas do Candomblé. Na madrugada do dia 2 de fevereiro, antes do presente de Iemanjá ser levado ao mar, os pescadores do Rio Vermelho prestam, ali, homenagem à rainha das águas doces.
Nova arena substituirá o ex-estádio da Fonte Nova
O lago (com cerca de 110 mil metros cúbicos) faz limites com os bairros do Tororó (margem esquerda), Engenho Velho de Brotas (margem direita) e Garcia (ao sul). Ao norte fica a futura Arena Fonte Nova (antigo estádio Octávio Mangabeira), atualmente ainda em construção. E duas avenidas contornam suas margens: Presidente Costa e Silva e Vasco da Gama. Suas avenidas convergem para a Avenida Centenário, o Vale dos Barris e a Avenida Mário Leal Ferreira, mais conhecida como Avenida Bonocô.
Infraestrutura: pesca e passeios de barco
Em sua história mais recente, aquele nosso prefeito que criou o Jardim dos Namorados, também tinha planos para a região. A proposta de Antonio Carlos Magalhães era reunir no bairro a sede da prefeitura e secretarias, em um centro administrativo municipal. Os prédios seriam construídos nas reentrâncias dos morros que contornam o lago. Antes de por em prática, foi nomeado governador do Estado e levou o projeto de construir um centro administrativo para a região da Paralela, onde começava a ser implantada a via opcional de ligação do centro da cidade ao aeroporto.
Orixás e a fonte que pode esguichar água a uma altura de 40m
Voltando ao dique, depois de anos de abandono, a região passou por uma completa recuperação em 1998 (século XX), época em que ganhou as esculturas já transformadas cartão-postal. Em princípio, o escultor Tati Moreno instalou os 12 orixá em torno de um chafariz, no espelho d'água. O povo de santo (Candomblé) protestou, já que os orixás de terra foram colocados em local indevido. O Ministério Público interveio, e os responsáveis pelo parque, administrado pela Conder (Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia), mudaram 4 esculturas para a margem. Ficaram na água Iansã, Ogum, Nanã, Oxalá, Xangô, Iemanjá, Oxum e Oxossi.
A visita ao dique previa fotos de muitos ângulos, mas os policiais responsáveis pela segurança advertiram para o fato de não ser recomendável passear só, levando câmera e bolsa, pelas pistas que ficam longe dos locais onde os visitantes se aglomeram. Então, muita atenção durante o seu passeio. Em uma tarde de dia de semana, pessoas aproveitam o parque em caminhadas contornando todo o lago, deitadas na grama, pescando, outras namorando ou olhando o tempo passar. Nos finais de semana e feriados, o parque lota.
Infraestrutura: dois grandes restaurantes
Há dois grandes restaurantes (Porteira e Cheiro de Pizza), duas grandes lanchonetes (Subway e Habbib's), ambulantes que vendem sorvetes, algodão doce e pipoca, e os quiosques. O visitante pode passear de pedalinho (R$ 5) ou pescar (R$ 2, o caniço), desde que devolva os peixes após pegá-los. Não funciona. Frequentadores reclamam que a pesca de lazer está acabando com os peixes do dique.
Tarde de sol: namorar, pescar ou simplesmente descansar
Há parques infantis nas duas margens mais largas, equipamentos para exercícios, escola de remo. Os restaurantes ocupam a margem próxima à futura Arena Fonte Nova, em construção. O Habib's e o Subway foram instalados próximos ao prédio histórico da antiga Usina de Energia da cidade. Além disso, dois barqueiros levam turistas e moradores a passeios pelas águas do dique (R$ 5 por pessoa).
Prédio histórico da antiga usina enfeita a paisagem
Mais informações interessantes sobre o Dique do Tororó e sua história aqui.
3 comentários:
Tem seus encantos.
Sou de Belo Horizonte e visitei Salvador faz uns anos. Cidade linda! Estive no Dique do Tororó, que é muito bonito. Fiquei encantada com as esculturas dos orixás, tanto que tirei várias fotos. Abraço e parabéns pelo blog!
Muito obrigada! Também sou
apaixonada pela beleza das
esculturas e pela história
que gira em torno delas...
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