terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Ondina, onde o carnaval faz a volta

O bairro dos hotéis é a última parte do Circuito Dodô

Passeando no circuito Dodô (1)

Reservei o dia de sol para passear pelo bairro de Ondina e mostrar aos amantes do carnaval como é a última parte do Circuito Dodô antes da festa. Quem vê as imagens mostradas pelas TVs e sites não tem ideia do como fica a Avenida Oceânica quando não está lotada de foliões. Ondina é um bairro de classe média, já foi um dos mais elegantes e ainda abriga prédios de luxo. Também foi o principal reduto de hotéis de Salvador. O Carnaval chegou ao bairro já perto dos anos 90. Antes, era apenas um local para os blocos "deitarem" as cordas após os desfiles na Barra. Hoje consolidou-se como uma espécie de paraíso dos grandes camarotes.

Montagem de camarotes onde passam os principais artistas do Carnaval

Ondas fortes, em alguns trechos, maré baixa com águas bem tranquilas e piscinas naturais caracterizam a praia de Ondina, localizada entre a Barra e o Rio Vermelho, na orla de Salvador. Mar "aberto", de um azul intenso em dias ensolarados, como é de praxe nas praias da cidade, nestas águas, nos anos 80, banhava-se o veranista famoso Caetano Veloso (e convidados). Ele passava férias na casa da Avenida Adhemar de Barros. Também para esta praia desciam os hóspedes ilustres do Bahia Othon, hotel de luxo que mudou a paisagem de Ondina e levou, com sua presença, outros hoteleiros a investirem no local.

Othon mudou a paisagem do bairro e "levou" mais hotéis

Na época de sua construção, por volta de 1975, reza a lenda que um morador usou materiais não aproveitados na obra para construir uma piscina entre pedras, no mar, atrás do famoso hotel. A piscina natural ganhou escadarias e fundo cimentado, sendo batizada de "Piscina de Seu Oliveira", ou "Bacia das Moças". No entanto, boa parte da intervenção do homem na natureza foi removida e as piscinas voltaram a ter o aspecto natural de hoje.

Tarde de sol, a praia e as famosas piscinas naturais

Durante o Carnaval, a principal avenida, a Oceânica, torna-se a última parte do percurso do Circuito Dodô (que começa em frente ao Farol da Barra e termina na virada da avenida Adhemar de Barros). Na Adhemar, os trios elétricos e blocos são recolhidos. Ali estão os acessos para o Parque Zoobotânico de Salvador (Jardim Zoológico), e para o Alto de Ondina, de onde se tem uma bela vista do mar e onde fica a antiga residência de verão e hoje residência oficial do governo do Estado.

A gordinha abre os braços para o mar

Um dos campi da Universidade Federal da Bahia (UFBa) tem acesso também através desta avenida, cuja principal atração, no entanto, ainda são as gordinhas, esculturas da artista plástica (ex-vereadora e ex-secretária municipal de educação de Salvador), Eliana Kertész. Localizadas na entrada da via, que liga a orla à Avenida Garibaldi, elas representam as três etnias que formaram o povo brasileiro.

O outro lado do percurso com o camarote Salvador ao fundo

No Carnaval, grandes camarotes são montados em Ondina. A cidade viveu nos últimos dias momentos de polêmica por causa de um deles, o Salvador, que ocupa uma praça próxima à praia. Moradores, artistas e simpatizantes do bairro fizeram um movimento em protesto ao uso da praça, recém-restaurada, justificando que a estrutura dificulta o acesso e deixa a praia escondida. Leia mais aqui. Outros grandes camarotes são o Planeta Band Othon e o Harem (no antigo Salvador Praia Hotel).

Nesse trecho do Circuito Dodô os blocos descem suas cordas

Quem pensa em participar do Carnaval 2012 em um dos hotéis de Ondina deve se apressar. Alguns já estão com os pacotes esgotados. Um 4 estrelas como o Portobello, por exemplo, teve pacotes de sete noites por R$5,2 mil (casal) com café-da-manhã. O hotel fica no coração do circuito, defronte ao Camarote Planeta Band Othon. No 3 estrelas Bahia Sol e Mar, R$ 4.990 (seis noites para duas pessoas), também com café-da-manhã. Bons restaurantes de comidas típicas ainda faltam ao bairro, diz a chefe de recepção de um dos hotéis. O taxista Edson Conceição, 60 anos, 22 na praça, que leva turistas a passeios panorâmicos de quatro horas (R$ 150), confirma. Sua recomendação para restaurantes típicos da cidade são direcionadas ao Rio Vermelho ou Barra, mais próximos de Ondina.

Uma das "365" igrejas da Bahia, de arquitetura diferente do tradicional

O acarajé, no entanto, pode ser provado no bairro mesmo, no tabuleiro de Alaíde, perto da igreja católica da Ressurreição do Senhor, uma das mais novas entre as 365 igrejas que a Bahia tem. Rita Moreira, filha de Alaíde, ainda recomenda outros tabuleiros, como o do Acarajé do Cuca, perto da praia, e o da Chica, em rua paralela à Adhemar de Barros.

O mar emoldurado pelo concreto do Othon

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