Vendedor de fitas na escadaria do Bonfim
Certa vez, já faz bom tempo (ainda bem) uma estilista de outro estado veio à Bahia, a trabalho e, na volta, no ar, criticou o modo de ser e de vestir das mulheres baianas. Muito à vontade, muito chinelo, bermudas, blusas sem manga, barriguinhas de fora (ainda não era comum). Ora, amigos, aqui faz calor, e muito, e, praticamente, o ano inteiro! Mesmo que chova. Não houve, na pessoa, sensibilidade para entrar no clima. "Que deselegante", diria a Sandra! Tudo bem, relevamos: era o trabalho dela!
Ao visitar uma cidade, é fundamental ao turista compreender, antes, o seu povo. Isso é básico, só estou lembrando. E compreender que, como em seus próprios estados, também nos demais lugares do Brasil há carências, há trabalhadores de rua, há pessoas tentando sobreviver. Não vou dizer que a insistência com que alguns ambulantes abordam turistas em busca de vender suas preciosidades em forma de fitinhas, artesanato, fotos ou mesmo arte, seja algo que não incomode mas...dê uma chance, converse. Já pensou que aquele monte de fitas coloridas, tremulando, lhe rendeu uma bela foto de lembrança de viagem?
Fique esperto, claro. Não se distraia com câmera na mão, não ande por lugares ermos, caminhe em grupo, seguindo as normas de segurança para o dia-a-dia, não só em viagens. Mas, em lugar de se aborrecer (você está em férias) com o assédio comercial, divirta-se.
Quando fiz o passeio, turista que me tornei em minha própria cidade por necessidade de sobrevivência, pelo Centro Histórico, por Ondina, pelas praias, me diverti muito vendo e, muito mais, ouvindo. O mestre que jogou aquela conversa antes de oferecer o DVD do jogo de capoeira; as baianas tentando explicar o porquê do turista ter que pagar pelas fotos ao lado delas; a Kátia, personagem super simpática do estande cenográfico do tabuleiro na Praça da Sé; dona Maria Luzia, do acarajé do Belvedere, que aos 74 anos está ali, na luta pela preservação de um patrimônio cultural imaterial brasileiro, ou a simpática baiana Rita, de Ondina (Acarajé da Alaíde, que fica ao lado da igreja, na Avenida Oceânica). Depois de fazer inúmeras perguntas, pedi autorização: "posso te entrevistar?" (que, no meu dicionário de expressões significa: "posso publicar o que você está dizendo?") E ela: "mas você já está me entrevistando!". Risos. Pose para a foto!
Tenho, positivamente, me surpreendido com a acolhida. Ainda mais como jornalista de blog próprio e não, como antes, carregando a grife de jornais ou tevês conhecidos da cidade, como sempre andei nestes 33 anos de jornalismo (30 de colação de grau, comemorados domingo, fazendo reportagem!) Sim, ainda me surpreendo com a acolhida! Surpreenda-se também. E dê uma chance, afinal: "é o nosso trabalho"!
Turistas voltando do Pelourinho (Centro Histórico)
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