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O dia nublado não afastou os fiéis das obrigações na praia do Rio Vermelho |
E como o tema é Rio Vermelho resolvi dar uma espiada nos preparativos do bairro para a Festa de Iemanjá, que começa a concentrar participantes já na tarde e noite do dia 1º de fevereiro. Entre caminhões, ambulantes, praticáveis para emissoras de tevê sendo montados e últimos ajustes para as comemorações à Rainha do Mar, turistas e fiéis começavam a encher os primeiros balaios com flores e presentes.
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Terrier de Bel Borba, com suas flores primaveris, enfeita... |
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...o bairro e é muito "requisitado" para fotos de turistas... |
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...assim como Jorge, Zélia e Fadul, no Largo de Santana |
Desde a Primavera pintado de branco com enfeites de flores pelo seu criador, o artista plástico Bel Borba, o terrier gigante ao lado da antiga Igrejinha de Santana (hoje um centro social) parecia pronto para saudar o orixá das águas salgadas com tantas cores. Lá adiante, do outro lado do Largo de Santana, o majestoso casarão da família Taboada, restaurado completamente, espera destinação. Prédio histórico, abrigou o ateliê do artista plástico Carybé em seu primeiro andar.
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Casarão Taboada, restaurado, compõe o visual arquitetônico do bairro boêmio |
O trecho entre o Largo de Santana e o Largo da Mariquita (que também corresponde ao que receberá a primeira etapa das obras de
requalificação da orla do Rio Vermelho a partir do segundo semestre) era todo flores e perfume. Um dos vendedores, Francisco de Assis, 44 anos, já estava a postos com rosas ao preço de "uma é R$ 3, duas são R$ 5" e com as indicações, na ponta da língua, para o quê serve cada cor (rosa, aconchego e casamento; vermelha, paixão; branco, paz; amarela, ouro).
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Na hora de escolher a cor da rosa, peça orientação a Tiago ou a Francisco (d) |
Perto dele, ainda no Largo de Santana, a barraca do Acarajé de Regina (uma das três famosas da Bahia, juntamente com Dinha e Cira), estava em pleno funcionamento. Pode provar que é delicioso e vale por uma refeição.
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Acarajé de Regina |
Seguindo em frente, parei para ver se a famosa arte em mosaico que fotografei em 2006 para postar no
flickr ainda estava lá. Está. Preservadinha, como sempre, na fachada do Centro Cultural Casa da Mãe, da cantora e promotora cultural Stella Maris, que divulga a música e os músicos do Recôncavo Baiano, mais precisamente de Santo Amaro da Purificação. Neste 2 de fevereiro, a Casa vai ser um camarote com vista privilegiada para o Caramanchão, a Casa do Peso, na sede da Colônia de Pesca, e a Praia de onde parte o presente para o mar. Cada ingresso custa R$ 60.
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Mosaico de Cézar Nóbrega na fachada da Casa da Mãe: festa de camarote |
Atravesso a rua, já chegando mais perto do coração da festa e lá encontro o povo de santo cumprindo obrigação com os banhos de folha. A simpática ialorixá Vera Lúcia Santos, do terreiro de Tupinambá da Mata Escura, Candomblé de Ogum, disse que chegou às 6h. Pedi a explicação certa para o que faziam. "Damos axé (força) pedindo proteção, êxito, vitória e caminhos abertos" com arruda, desata nó e aroeira, grãos de arroz com casca, milho, semente de girassol e lentilhas, para a prosperidade, pemba de Oxalá, para fechar o corpo, e o perfume de alfazema, o aroma de Iemanjá. Ela não cobra; a pessoa colabora com quanto quiser. Colabore, viu?
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Vera Lúcia, no calçadão da Casa do Peso, com as folhas e pemba do Axé |
Antes de chegar ao caramanchão para depositar o presente, se não tiver nada em mãos, não tem problema porque o comércio ambulante de Salvador é super atento. Ao longo de todo o caminho entre as ruas de acesso ao local da festa e os balaios de Iemanjá, você encontra, além das flores, claro, pentes, espelhos, sabonetes, bijouterias, guias e frascos cheios de alfazema. Os preços começam em R$ 1 e, dizem os ambulantes, vão só até R$ 5.
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Banquinhas de venda de presentes estão por toda parte. Estamos quase lá
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Finalmente o caramanchão, a Casa de Iemanjá, belíssima e enfeitada, e o mar, com os barcos num vai e vem intenso com os fiéis dos principais terreiros que anteciparam as obrigações. O barco Rio Vermelho, que leva o presente principal, já está pronto para puxar o cortejo marítimo de uma das principais festas religiosas da Bahia. Odo Yá!
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Os primeiros balaios, ainda na véspera da festa, já lotados de presentes |
A Festa de Iemanjá começa na madrugada deste domingo, 2 de fevereiro, com a entrega do presente de Oxum, no Dique do Tororó, uma saudação à Rainha da Água Doce para que ela não fique com ciúme de Iemanjá. Os pescadores promovem, as 5 horas, já no Rio Vermelho, uma alvorada de fogos de artifício chamando o povo para a festa.
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Escultura da parte externa ... |
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...e interior da Casa de Iemanjá. |
Os balaios ficam à disposição dos fiéis durante todo o dia. Chegue cedo porque a fila é grande. O músico Carlinhos Brown fará uma apresentação na rua defronte ao Caramanchão, por volta das 16 horas.
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Barco Rio Vermelho conduzirá o presente principal |
Os presentes começam a descer para os barcos às 16 horas. Para quem quiser seguir o cortejo marítimo ou fazer a entrega antecipada de seu presente direto no mar, há a possibilidade de alugar barcos com os pescadores. (Fotos: Silvianasci/salvadoremumdia)
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Enseada de Santana: daqui parte a procissão marítima |
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