sábado, 22 de fevereiro de 2014

No carnaval de Salvador: "vá que depois eu vou"

Momento de descontração durante uma das paradas na avenida (2011)

Há experiências culturais e históricas em Salvador que também podem ser experimentadas pelos turistas que visitam a cidade durante o carnaval. Algumas delas estão nos blocos afros, nos afoxés mas, especialmente, também nos blocos de bairro, integrados por amigos de longas datas, vizinhos, familiares, colegas de trabalho ou de escola e faculdade. Vá que depois eu vou é uma destas propostas, abertas a quem chegar.

O bloco sem cordas, composto inicialmente por amigos de infância e familiares, hoje também recebe estudantes e profissionais liberais de várias partes da cidade. É animado por banda de sopro e percussão e sai todos os anos do bairro do Politeama em direção ao tradicional circuito da avenida, o Circuito Osmar, no centro antigo da capital baiana. O desfile acontecerá, mais uma vez, no início da tarde do sábado de Carnaval, 1º de março.

Capitaneada pelos amigos Jayme Quintas e Ricardo Pedreira, a concentração da folia no Politeama começa às 9h30, com o esquenta dos associados. Sair no Vá que depois eu vou custa R$ 100 (a camisa) e  o bloco é misto. O show é para todos, mas a feijoada, cerveja e refrigerantes, além do sorteio dos brindes, apenas para os associados. A banda convidada - com cavaquinhos, percussão e violões - toca até a chegada da banda oficial, esta a base de sopro e percussão.

A arte de Tarsila do Amaral inspirou o bloco este ano



Enquanto os associados se abastecem, a banda oficial também faz uma apresentação para os moradores do bairro, lembrando os antigos "gritos de carnaval" que aconteciam ali nos anos 60 e 70. Depois de cantar o Hino do Senhor do Bonfim, sugestão de Dona Janice Quintas, a integrante mais velha da agremiação, a garotada parte para a avenida às 13h30 em ponto.

Esquenta da banda de sopro e percussão que acompanha o bloco (2012)

O bairro do Politeama, no centro da capital baiana, a poucos metros do Circuito da Avenida 7 de Setembro, tem tradição de carnaval. Já foi o ponto de partida do trio Elétrico de Armandinho, Dodô & Osmar, que ali estacionava o caminhão para a passagem de som e últimos preparativos do seu desfile. O trio sempre tocava, antes de sair, duas ou três músicas para os moradores.

Quem é das antigas também lembra dos famosos Bafo do Jegue e Previsão 70 e, mais da antiga ainda, a Escola de Samba Polytheama, três vezes campeã baiana do carnaval. O Bafo do Jegue foi um dos primeiros blocos a sair com corda e a usar a "mortalha", indumentária da época (anos 60), "avó" do atual abadá. Nasceu da brincadeira de um morador que, inspirado pelo Bafo da Onça do Rio de Janeiro, pegou um jegue (de verdade), enrolou com papel higiênico e saiu para "brincar" o carnaval.

Estas e outras histórias poderão ser ouvidas dos próprios vizinhos que, com certeza, estarão nas portas esperando a saída dos blocos do Politeama. Hoje dois blocos compostos por moradores e amigos se concentram no bairro. Além do Vá que depois eu vou, também há o Conhaque do Zé, agremiação só de homens que desfila na tarde de sábado de Carnaval, do qual eu falarei mais tarde, em outro post.

Sacadas da avenida viram camarotes e detalhe da torre das Mercês

Ninguém vai ter tempo para reparar, em meio à festa, mas sempre faço questão de ressaltar as atrações turísticas pelas quais o bloco passa, como a (neogótica) Igreja das Mercês, Igreja do Rosário (cuja nave foi cortada para a abertura da Avenida 7 no início do século XX), a Praça da Piedade, o Relógio de São Pedro (monumento também da época da inauguração da Avenida 7 de Setembro, em 1915),  o conjunto arquitetônico do Mosteiro de São Bento e a Praça Castro Alves, onde os foliões poderão ver a estátua "siamesa" dos criadores do trio elétrico Osmar Macedo e Antônio Adolfo Nascimento (Dodô).

Interessados em participar? Informações: (71) 8125-7082 / 8753-6749. Eu vou.

Leia mais informações aqui e veja fotos dos desfiles em anos anteriores  aqui e aqui.

As três gerações de uma mesma família desfilam juntas


Serviço
O quê: bloco de sopro e percussão Vá que depois eu vou
Quando: desfile sábado de Carnaval, 1º de março, a partir das 13h30
Onde: concentração, a partir das 9h30, no bairro Politeama de Cima (centro antigo) e desfile no Circuito Osmar (avenida)
Quanto: a camisa vai custar R$ 100, com direito a uma tradicional feijoada (feijão preto) e bebidas (cerveja, água e refrigerante) 
Como sair: informações com Ricardo ou Jayme nos telefones (71) 8125-7082 e (71) 8753-6749

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