Secretários e artistas dizem "não" à violência de gênero (Foto: Silvianasci) |
É praxe entre os foliões beijar muito durante o carnaval. Algumas das mais famosas músicas para o período da festa, falam em beijos, abraços e carinho. Porém, é preciso observar um imperativo: só com o consentimento da outra parte. O Carnaval da Bahia está em campanha contra o beijo forçado e a violência à mulher durante a festa. As denúncias podem ser feitas pelo telefone 180.
Os números justificam a campanha. No Carnaval de 2014, de acordo com o relatório apresentado pela Secretaria Estadual de Política para as Mulheres, foram registrados 623 casos de violação dos direitos da mulher, dos quais 463 casos (74% das ocorrências) envolveram violência física, verbal, moral, psicológica e sexual. A agressão física lidera, com 81% das ocorrências. O contato físico indesejado representou 70% dos casos e o beijo forçado, 30%.
A apresentação da campanha "Vá na Moral ou vai se dar mal - violência contra a mulher é crime" aconteceu nesta quarta-feira, 11, no foyer do Teatro Castro Alves, no Campo Grande (Circuito Osmar). O lançamento será na quinta-feira, 12, durante o desfile do bloco Os Mascarados no Circuito Dodô (Barra-Ondina), a partir do final da tarde.
Encenação mostra a agressão do beijo roubado (Fotos: Eloi Correa/GovBa) |
De acordo com o Governo do Estado, foi feito um investimento de R$ 300 mil para ações de conscientização sobre a violência de gênero. As ações serão realizadas nos circuitos Dodô (Barra-Ondina), Osmar (Campo Grande-Avenida) e Batatinha (Centro Histórico), na saída de entidades como o Afoxé Filhos de Gandhy e a Banda Didá, e em locais de grande circulação de pessoas - o aeroporto, a rodoviária, o Terminal de São Joaquim e o Porto de Salvador.
Embora a campanha trate da violência de uma forma geral, na apresentação do TCA dei-se destaque à prática do "beijo roubado", brincadeira dos homens nem sempre aceitas pelas mulheres durante a festa. A secretária estadual de Política para as Mulheres, Olívia Santana, enfatizou principalmente o fato de um folião de Salvador ter sido condenado a sete anos de prisão por causa de um beijo não consentido em uma foliã, que o denunciou.
Olívia elogiou a sentença da juíza. "Essa atitude do homem usar a força bruta e imobilizar a mulher na tentativa de satisfazer seu desejo é atraso, é pré-histórico e nada tem a ver com a sociedade que queremos construir". Segundo ela, não se trata de proibir namoro, beijo e abraço. "Vale Tudo? Vale...desde que o outro deseje também. Vale beijar a mulher? Vale...desde que ela consinta", enfatizou a secretária diante de uma plateia composta por representantes de entidades carnavalescas, autoridades e jornalistas.
Margareth Menezes aderiu à campanha |
A cantora Margareth Menezes foi uma das artistas que deram depoimento no TCA. Ela lembrou principalmente da mulher negra, muitas das vezes, a mais agredida, com coisas do tipo "pegue ela aí pra passar batom. "Não vamos permitir que a nossa música e a nossa prática de viver o carnaval se transformem em atos violentos".
Mais de 40 personalidades baianas já aderiram à campanha. Além de Margareth, a cantora Marta Lan (vocalista da banda Filhos de Jorge), Viviane Tripodi e Mariene de Castro, que assumiram o compromisso de levar de cima do palco mensagens de conscientização para os foliões.
O governo disponibilizou o número 180 para denúncias de agressões contra as mulheres durante o carnaval.
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