quarta-feira, 7 de março de 2012

Fundação Casa de Jorge Amado completa 25 anos

Instituição comemora a data com lançamento de catálogo de fotos sobre Jorge Amado, de autoria de Zélia Gattai


"...o que desejo é que nesta Casa o sentido da vida da Bahia esteja presente e que isto seja o sentimento de sua existência" (Jorge Amado sobre a FCJA em A Casa do Rio Vermelho, memórias de Zélia Gattai, página 294, Editora Companhia das Letras). A Fundação Casa de Jorge Amado, localizada na Praça José de Alencar (Largo do Pelourinho), Centro Histórico de Salvador, foi inaugurada em 7 de março de 1987, cerca de um ano após a assinatura de sua criação, em 2 de julho de 1986, em Brasília. Através dela foi possível manter na Bahia todo o acervo do escritor baiano que mais divulgou o estado no Brasil e no mundo. Em 10 de agosto de 2012, a Bahia comemora o centenário de nascimento de Jorge Amado.

Sabe aquele belo casarão azul que domina, imponente, o alto do Largo do Pelourinho e em cujas escadarias pode-se sentar um pouco e descansar da caminhada pelas ruas históricas de Salvador? Pois hoje foi dia de festa por lá. A Fundação Casa de Jorge Amado completou 25 anos de sua inauguração (7 de março de 1987). A instituição aconteceu cerca de um ano antes, a 2 de julho de 1986, por gestões da mulher, a escritora Zélia Gattai, e dos filhos, João Jorge e Paloma, do escritor baiano cujo centenário de nascimento a Bahia celebra em 2012.

As comemorações desta quarta-feira, 7, foram marcadas pelo lançamento do primeiro volume do catálogo de fotografias de Zélia Gattai (Editora Casa de Palavras). O livro traz 650 imagens de Jorge Amado do ponto de vista da pessoa que tinha mais intimidade com ele e também maior acesso à sua vida.

A história da criação da Fundação Casa de Jorge Amado é lindamente contada por Zélia Gattai no livro A Casa do Rio Vermelho - Memórias, editado pela Companhia das Letras. Dona Zélia - que coincidentemente nasceu em 2 de julho, data dos festejos da Independência da Bahia, consolidação da Independência do Brasil - narra de forma especial e coloquial (entre as páginas 288 e 296), nos capítulos Acervo cobiçado, Inauguração da casa e O almoço, como se pensou a criação da instituição cultural que guardaria todo o acervo do escritor e o manteria na Bahia, como era vontade de Jorge Amado.

Livros, capas, originais, fotografias, obras de artes feitas pelos amigos para ilustrar as obras, entre outros, já não tinham mais espaço na casa da Rua Alagoinhas. Ela conta: "material precioso (...) aumentando a cada dia há mais de meio século invadia armários, estantes e gavetas. Nossa casa tão grande tornava-se pequena para conter este mundo de coisas".

Antes de ser definitivamente depositado na casa do Pelourinho, o acervo foi cobiçado pela Universidade de Boston (Estados Unidos) e pela Universidade de São Paulo (USP), cujos representantes chegaram a escrever para Jorge Amado expressando interesse em abrigar as obras. Junto com os filhos João Jorge e Paloma, relata ainda a autora, ela convenceu o escritor sobre a possibilidade de criar-se uma instituição cultural, o que aconteceu através de apoio da Universidade Federal da Bahia e de instituições como o antigo banco do estado que cedeu o casarão, entre outras. A inauguração foi um grande acontecimento em Salvador e trouxe para a capital baiana autoridades, escritores, artistas e amigos de Jorge Amado e Zélia.

A Casa de Jorge Amado é destinada a preservar um acervo composto por mais de 250 mil documentos, além de promover a pesquisa e divulgação da vida e obra, criar oportunidades de valorização da literatura baiana e de discussões acerca dos temas levantados por Jorge em seus livros, como inclusão social, discriminação racial e cultura da Bahia.

A instituição também abriga os 29.788 negativos de fotografias de Zélia Gattai, dos quais cerca de 650 deu origem às imagens do catálogo lançado hoje, sob coordenação editorial de Bete Capinan. O tema é a Casa do Rio Vermelho, onde Jorge e Zelia recebiam amigos e eram constatemente solicitados por estranhos, a residência principal do casal em Salvador. Eles também tiveram uma casa de praia, localizada no bairro de Itapuã, ao lado da casa do artista plástico Carlos Bastos, no loteamento Pedra do Sal.

O "Catálogo Fotográfico Zelia Gattai Volume I – A Casa do Rio Vermelho: A Família" proporciona um mergulho na história e no cotidiano do escritor. São fotografias de momentos íntimos com a família e dos momentos de produção das obras que conhecemos hoje, além de imagens da famosa Casa do Rio Vermelho, com suas inúmeras esculturas, entre outras obras de arte. Com sua modéstia habitual, Zélia Gattai afirmava, em vida: "eu não me considero uma fotógrafa fantástica, maravilhosa, cheia de truques nem nada. Eu só me considero uma fotógrafa que sempre tive oportunidades, sempre tive sorte, de estar com Jorge em momentos muito especiais…"
. Fonte:FCJA

Os festejos pelo centenário de nascimento (cuja data principal é o dia 10 de agosto de 2012) de Jorge Amado terão, além do lançamento do primeiro volume do catálogo fotográfico de Zélia Gattai, dois colóquios internacionais (em agosto, em Salvador, e em outubro, na França) e exposição no Museu da Língua Portuguesa (São Paulo) e Museu de Arte Moderna da Bahia. Outra boa notícia dada pela Fundação CJA é a digitalização e divulgação online do acervo fotográfico de Zélia Gattai, para pesquisa e utilização não-comercial.

Mais informações no site da Fundação Casa de Jorge Amado no site Zelia Gattai. No próximo post, as fotos da FCJA!

Serviço
Fundação Casa de Jorge Amado
Endereço: Praça José de Alencar (Largo do Pelourinho)
Centro Histórico de Salvador (BA)
Ingresso: R$ 3
Telefones: 55 71 3321-0070 e 55 71 3321-0122

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