quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Alguém perguntou ao jegue o que ele acha? A polêmica sobre animais na Lavagem do Bonfim

De um lado a tradição; do outro a defesa dos animais. A polêmica da vez é a presença ou não de animais irracionais no cortejo da Lavagem do Bonfim, que acontece nesta quinta-feira, 17, em Salvador. O trajeto de oito quilômetros, entre a concentração defronte à Basílica da Conceição da Praia e a Colina Sagrada, onde foi construída em a Igreja do Nosso Senhor Bom Jesus do Bonfim, é acompanhado por baianas caracterizadas, populares, autoridades, políticos, personagens históricos da festa e o povo.

A presença de animais é histórica. A Lavagem do Bonfim era, no passado, uma preparação da igreja para a festa que se realizaria no domingo. Tradicionalmente, a festa católica acontecia e continua acontecendo, no segundo domingo após o dia 6 de janeiro, Festa de Reis. A igreja precisaria estar limpa e decorada para os festejos. Em princípio, eram os escravos que faziam o trabalho. Depois, passou a ser feito pelas senhoras da paróquia e os empregados remunerados. As fontes onde se pegava a água não era perto. E havia uma ladeira íngreme até a igreja. A carroça era o meio de transporte popular da cidade. Daí, os burricos com cântaros no lombo faziam o percurso entre as fontes e a igreja levando a água para a limpeza.

Quando a festa se popularizou e se folclorizou, a tradição "mandou" enfeitar as carroças, foram criados concursos para premiar as mais bonitas e no fim dos oito quilômetros os mesmos burricos tinham que puxar de volta os donos, às vezes amigos, os que se espalhavam demais na bebida de volta à Conceição da Praia, ao ponto de ônibus mais próximo e até, às vezes, em casa.

Acontece que se popularizou, também, a luta em defesa dos direitos dos animais. E a luta se fortaleceu e passou a ir de encontro às tradições. Em 2010, uma ONG obteve uma liminar com a proibição dos animais nas festas populares. No ano seguinte, o Tribunal de Justiça derrubou a liminar que impedia a presença dos jegues na Lavagem do Bonfim. Este ano, a Prefeitura Municipal não cadastrou as carroças como parte do cortejo.

O que o blog tem a dizer: viva a tradição, mas não maltrate os animais por causa dela. Defendemos os dois lados. É posssível? É. Que os jegues, burricos e afins estejam presentes e as carroças, enfeitadas como sempre. Porém, que haja água para beber, alimento e paradas para descanso e não mais que uma pessoa conduzindo o animal. No meio de tudo: a fiscalização. Os protetores são muitos e podem fazê-lo. E o que não falta na Lavagem do Bonfim é a presença da Polícia Militar para coibir os abusos.

 E vamos à Lavagem que é uma festa pra lá de bonita!

Leia sobre o tema aqui, em uma matéria de 2012 e aqui. Sobre a tradição, leia aqui.

Um comentário:

Unknown disse...

POIS É... RESPEITO ESSAS ATITUDES A FAVOR DOS POBRES ANIMAIS. MAS, HÁ UM Q DE BOBAGEM NISSO TUDO. SERÁ QUE É COVARDIA MENOR, PRENDER NUM ESPAÇO DE UM ZOOLÓGICO, UM ELEFANTE, UM RINOCERONTE, UM HIPOPÓTAMO, UMA ZEBRA, UMA GIRAFA... TODOS ANIMAIS ACOSTUMADOS A INFINITUDE DAS SAVANAS AFRICANAS. E UMA SUCURI, UMA JIBOIA, QUE REINAM NA IMENSIDÃO DAS ÁGUAS DE OXUM, OU SOBRE AS ÁRVORES DE IROCO? O GRANDE PROBLEMA É O SEGUINTE: POR TRAZ DESSAS AÇÕES, HÁ SEMPRE UM MAR DE INTOLERÂNCIA RELIGIOSA NEO PENTECOSTAL. HÁ SEMPRE UM OCEANO DE PRECONCEITO RACIAL E ETC. SALVE A LEGENDÁRIA PROCISSÃO DO BONFIM E SUAS SINGELAS CARROÇAS ENFEITADAS!!!!