Até a popularização do trio elétrico como "puxadores" de blocos (antes eram as bandas e batucadas), em meados dos anos 70, os blocos de sopro e percussão e as famosas batucadas eram a essência do Carnaval de Salvador.
Hoje, movimentos como o Furdunço e o Circuito Sérgio Bezerra (Barra, na quarta que antecede o carnaval) tentam resgatar a cultura das bandinhas em uma festa que já se tornou um festival de ritmos e estilos e o palco para o artista mostrar "a nossa música de trabalho", mesmo que não seja música de Carnaval.
Não é de todo ruim, porque há gosto para tudo e gosto não se discute, ainda mais quando é compartilhado por uma multidão de fãs. No entanto, ao mesmo tempo, o Carnaval de Salvador vai se tornando (ou já se tornou) o palco do artista que quer mostrar seu trabalho, daquele que não vem aqui o ano todo, mas aproveita a festa para dar uma "palhinha" e/ou aparecer. E como aparece!
Avenida (Circuito Osmar). Ao fundo, as torres da Igreja das Mercês |
A preservação cultural do Carnaval da capital baiana ainda está nos blocos de bairro, movidos a batucadas e bandas de sopro. Nesta segunda-feira, 16, terá um, no centro (Circuito Osmar), a famosa Mudança do Garcia, que leva sua crítica social embalada pela percussão.
Boas e tradicionais filarmônicas, com músicos de excelência, descem de seus coretos no interior e mesmo na capital e invadem as ruas, fazendo a alegria de quem gosta de aproveitar a festa sem tirar o pé do chão, longe dos camarotes e dos carros de apoio dos blocos.
Desfile com público certo: moradores apreparam as sacadas para ver o Carnaval |
Esta é a essência de um bloco que todos os anos indico no blog - o "Vá...que depois eu vou", que começa sua festa relembrando os antigos "Gritos de Carnaval" no Politeama, bairro do centro, e segue pelo circuito mais tradicional, a Avenida (Avenida 7 de Setembro) em direção à Praça Castro Alves.
Início de desfile: foliões saem do bairro pela rua onde antes estava o antigo teatro |
Neste sábado de Carnaval, 14, levando no abadá o nome de blocos que davam primazia às bandas de sopro e à percussão, lá se foi ele e nós fomos depois. Veja nas fotos a seguir.
Início da concentração: cantor Roni começa a cantar enquanto os foliões chegam |
Sábado de Carnaval é dia de curtir banda de sopro e percussão na Avenida. E não tem coisa mais gostosa do que desfilar em um bloco de camisa, ao som de marchinhas mescladas a sucessos atuais do Carnaval de Salvador. O dia foi assim entre o Politeama e a Praça Castro Alves para os foliões do bloco "Vá...que depois eu vou" (falamos sobre ele aqui). O desfile aconteceu neste sábado, 14.
A concentração, pela manhã, no bairro Politeama, revive o clima dos antigos "Gritos de Carnaval" que aconteciam no bairro do centro da capital baiana, cujo nome remonta a um dos teatros da cidade - o Polytheama, demolido no início do século passado.
O "esquenta" é a hora das fotos também. Na Avenida, é só pra pular |
A primeira banda - Coisa do Brasil, com o cantor Roni, já conhecido dos foliões do "Vá..." faz o "esquenta" dos integrantes, já vestidos com o abadá azul que homenageia blocos antigos do bairro - como o Bafo do Jegue, Previsão 69 entre outros. Além dos foliões, filhos e netos dos antigos participantes da Escola de Samba Politheama (Salvador deixou de ter desfile de escolas no final dos anos 60) ainda estão lá, entre amigos do bairro.
É a hora da irreverência típica do Carnaval. Como a do casal Rodrigo e Roberta, juntos há quatro anos, ele vestido orgulhosamente de baiana e ela companhando e fotografando.
Rodrigo, de Muquiranas, começa sua festa com Roberta no Politeama |
Ou do casal Angelo e Gilmária, juntos há 15 anos, com a filha Ana Vitória, moradores da Pituba, na orla, que sempre voltam ao bairro do centro da cidade, onde ele morou e ainda tem amigos.
Não quis nem saber: fez a pose e pronto! |
Depois de quase três horas de show da primeira banda, é a vez de entrar em cena a segunda banda que anima o bloco. A Filarmônica 1º de Maio, regida pelo maestro Valmir Luis da Conceição, tem uma história que começa em 1920, com o primeiro maestro Manoel Lino da Conceição, que passou a batuta para o pai de Valmir, Theófilo Luis da Conceição, nos anos 40, que por sua vez a entregou ao filho. Foram 37 músicos, contando com a participação de integrantes da Filarmônica da Ilha de Itaparica.
Ricardo, um dos fundadores do bloco, com o maestro Valmir |
A filarmônica acompanha o "Vá...que depois eu vou" há nove anos tocando "arranjos atuais ao repertório tradicional das marchinhas", como enfatiza o maestro, começando, claro pelo Hino do Senhor do Bonfim, pedido de Dona Janice Quintas, que era a mais velha foliã do bloco e uma das mais antigas moradoras do Politeama.
Apesar de ausente (ela faleceu no final de 2014), teve, e terá sempre, segundo os organizadores, o seu pedido mantido como uma homenagem à uma senhora que amava o Carnaval.
Aí você pensa? É só tradição? Cadê os jovens? Também curtem o bloco. O Politeama, com sua tradição de Carnaval, cujo nome é derivado de um antigo teatro que existia onde hoje funciona os museus do Instituto Feminino da Bahia, já teve uma famosa Escola de Samba. Filhos, netos e bisnetos dos participantes daquela Escola, ainda estão presentes.
Gabriel e Arantxa: quatro anos de namoro e sempre juntos no Carnaval |
E os turistas? Claro que encontramos. Nosso blog de turismo não pode deixá-los de fora. Pela primeira vez em Salvador e no Carnaval da Bahia, as irmãs gaúchas, de Pelotas, Andressa e Alexandra, de tanto ouvirem falar, resolveram aceitar o convite da amiga Paloma (baiana que estuda odontologia no Rio Grande do Sul).
Os primos Paloma e Pedro com as irmãs Alexandra e Andressa |
O que acharam da cidade? "Maravilhosa", disse Andressa, também formanda de Odontologia, de 24 anos. Ela e a irmã fizeram o principal circuito turístico mas o que gostou mesmo e que recomendará aos amigos é o Pelourinho, no Centro Histórico de Salvador. "Lindo demais".
Olha as gaúchas já espalhadas na Avenida e a esta hora já devem estar pela Barra |
Já que falamos de turistas, como disse neste post aqui, o bloco passa por atrações do centro da Cidade. Na Piedade...
Prédio histórico do antigo senado da Bahia e do Gabinete Português de Leitura |
Mosteiro de São Bento |
Ladeira de São Bento em direção à Praça Castro Alves |
Virada do Sulacap, mesmo local da cena clássica do filme "O Canto da Sereia" |
Praça Castro Alves, final do Circuito Osmar, ainda tranquila no sábado de Carnaval |
O outro fundador, o professor Jayme Quintas, e sua Kátia: missão cumprida |
6 comentários:
É realmente o melhor bloco de percussão do centro da cidade. A dupla de empresários Ricardo e Jayme, com a ajuda de suas respectivas esposas Kaarinny e Kátia, consegue encantar foliões fiéis que trazem sempre novos participantes ao circuito de rua. A alegria, a energia, a boa música, a cerveja gelada e a deliciosa feijoada são os motivos que fazem do 'Vá que depois eu vou' esse sucesso de público. Até 2016 galera!!!
Parabéns primo. Show!!
Quem sabe no ano que vem estaremos ai.
Parabéns primo. Show!
Quem sabe no ano que vem estaremos ai.
Meu primo Jayme Quintas sempre adorou o carnaval,. A Historia e o carnaval sempre fizeram parte da sua vida. Com o bloco resgata a tradição do carnaval e vive sua paixão.
Lindo primo!!!!
🎶 a praça Castro Alves é do povo, como o céu é do avião....🎶
Parabéns a todos que curtiram o bloco "Vá que depois eu vou" infelizmente não foi possível participar, as pessoas que desfilaram comentam só elogio.
Parabéns a todos que curtiram o bloco "Vá que depois eu vou" infelizmente não foi possível oparticipar, as pessoas que desfilaram comentam só elogio.
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