Amante de história, de fotos antigas e de tudo que relembra a Salvador de outros tempos, pensei em mais uma pauta no Centro Histórico (Terreiro de Jesus, Pelourinho e ruas adjacentes). De tanto que tenho ido lá, já sou conhecida de alguns dos personagens que por ali transitam diariamente recebendo turistas e mostrando o jeito de ser do cidadão soteropolitano. Sinto muito a quem não gosta, os turistas demonstram que os adoram.
A ideia era ir ao Museu Tempostal, onde acontece uma mostra de fotografias da Bahia antiga, dar uma passadinha na Casa de Jorge Amado para saber do lançamento do novo livro de fotografias de Zélia Gattai (1916-2008) (terminei recentemente de ler A Casa do Rio Vermelho, que recomendo) e visitar e fotografar o Hostel Laranjeiras, para que os leitores vejam como é, por dentro e por fora, aquele que foi escolhido como um dos dez melhores albergues do Brasil, em votação pela Internet.
Porém, a caminhada terminou por não ser diferente do que acontece sempre nos passeios por aquela região. Uma parada aqui para cumprimentar uma fonte de outro post, uma foto ali que pode render uma boa matéria e, claro, novidades no caminho que acabam aguçando a curiosidade e a vontade de ver e mostrar. Foi assim com o simpático Museu da Música Brasileira na rua das Laranjeiras, bem defronte ao hostel e ao lado da Escola de Música do Olodum.
Fotografando a rua, que é uma graça e que já havia mostrado aos meus amigos do flickr em preto-e-branco, a partir de uma das janelas do albergue da rede Hosteling International e Albergues da Juventude, chamou-me a atenção o pequeno sobrado defronte, carecendo de uma pintura de fachada, como de resto boa parte dos prédios do Centro Histórico de Salvador, mas sem perder o clima acolhedor das construções daquela área.
Porta aberta entrei, mas tive que parar na correntinha: o ingresso custa R$ 4 (inteira). Virei à esquerda e encontrei uma simpática livraria e loja de discos com o inusitado nome de Mídia Louca, onde há desde livros de fotografia a exemplares antigos, raros, autografados, novas edições, CD's, DVD's, LP's, que atualmente chamam de vinil, gravuras, quadros entre outros artigos culturais. Outro charme.
Matheus, o encarregado da lojinha, permitiu que eu subisse ao primeiro e segundo andares depois que me apresentei como repórter de um blog de turismo. "Pode fotografar, mas não use flash", recomendou. Atendi, mesmo porque acho tão mais bonito uma foto sem flash (que os fotógrafos profissionais não me censurem por isso...) Lá em cima: surpresa!
Logo na escada, há uma arte em formato de espinha de peixe em que estão inscritos grandes nomes de cantores e compositores brasileiros. A arte ocupa os dois lances de escadas. Todo mundo está lá. Vi logo o meu preferido: Moraes Moreira. No primeiro patamar, um gramafone (toca-discos bem antigo, da época das 78 rotações por minutos, de LP's anteriores ao vinil) e o livro de visitas do museu. À esquerda, defronte à porta da primeira sala, um livro raro autografado por Dorival Caymmi.
O primeiro piso é todo dedicado ao compositor que enalteceu a beleza antiga, provinciana e mais romântica de Salvador. Não vou contar muito para que você, turista, tenha surpresas também ao visitar o acervo de uma coleção particular que acabou sendo partilhada com os amantes da boa música pelo proprietário da loja de baixo. A história de Caymmi é contada ao lado de fotos, capas, livros raros.
Mais um lance de escadas e estamos nas salas destinadas aos vários estilos musicais. A esta altura já estou cantando "Na Ilha Grande" junto com a Timbalada que Matheus colocou para tocar, por coincidência uma das músicas que mais gosto de ouvir do grupo baiano. Sempre há música de boa qualidade soando pelos ambientes do museu. Não cheguei a pedir nenhuma mas, com certeza, você vai encontrar aquela do...
O acervo do Museu da Música Brasileira é composto por fotos, recortes de jornais, capas de LP (que os mais jovens chamam de vinil) raros e os não tão raros, com o melhor da música do Brasil. Tem uma Daniela Mercury novinha, mas tem também Eliseth Cardoso, Ângela Maria, Cauby Peixoto, Caetano e Gil também novinhos, Elis, Edu Lobo... Rio baixinho ao ver que discos que um dia escutei na vitrola, e que a família ainda tem em casa, estão ali representados nas paredes de um museu, como relíquias da MPB. Uma viagem. Mais do que isso, não conto. Veja, no post a seguir, as fotos, serviço e endereço. Continua aqui.
Um comentário:
Delícia de texto!
Parabéns pelo blog, pela iniciativa, disposição, pela criatividade. Sucesso! ;)
Bjs
Vera Martins
Postar um comentário