Não tomo bebida alcoólica mas tenho que comparar: como todo bom vinho...o show de Gilberto Gil, Concerto de Cordas & Máquinas de Ritmo - que acabei de assistir no Teatro Castro Alves, em Salvador, abrindo a turnê do cantor e compositor baiano (com participação especial da Orquestra Sinfônica da Bahia), é daqueles espetáculos dos quais você sai leve, de alma lavada. Casa lotada, platéia silenciosa na medida e atenta a um Gil que começou cantando baixinho, como que poupando a voz. Cheguei a pensar: não vai haver solo de agudos dessa vez. Qual! Foi o tempo de umas duas canções pra voz ir se encorpando, tomando a forma que sempre teve. Não sei como vai ser no show deste sábado, 19 (às 21h, também no TCA), mas senti uma leve diferença em "Domingo no Parque", pra melhor, entre a primeira execução e o bis, no final do espetáculo.
Não, Gil não fez um passeio nostálgico em antigos sucessos - os quais amamos. O que não significa que o espetáculo não tenha a medida dos 50 anos (são 50?) de carreira e 70 de bela vida. Abriu com uma canção nova em que cita a máquina de ritmos e as cordas que dão título ao show. Emendou com "Domingo no Parque". Das que mais gosto, "Estrela": há de surgir uma estrela no céu cada vez que você sorrir. E, claro, mais uma declaração de amor à mulher, Flora (ele deixou claro no final da canção), em "Quatro Coisas": nosso amor não vai quebrar porque é pedra, ou algo assim. Como sempre, letra que sobrevive à melodia...
Não vou tirar a surpresa do repertório pra quem ainda vai ver o show, mas teve Caymmi, Gonzagão, Jobim, Bienvenido Granja e Gil, muito Gil, em português, inglês, espanhol e francês (a Europa que o aguarde!). Ah, e agudos e graves pra ninguém botar defeito. Fique atento porque há um solo de Gil surpreendente. Há um Gil - Morelembaun no violencelo que também é fantástico. E observe o cenário: não sei se de propósito ou coincidência, o artista canta sobre um patamar que imita um tabuleiro, de branco, com seu violão e uma leveza incrível, do alto do peso de 70 anos de vida, 50 de carreira. A Bahia é quem agradece, Gil!
Bom, ninguém me disse, fui olhar no site do artista: depois de Salvador, Gilberto Gil toca em Belo Horizonte, dias 25 e 26, no Palácio das Artes; e no Rio de Janeiro, no dia 28, no Theatro Municipal. No mês de julho, leva o show às principais capitais européias. Em tempo: A Orquestra Sinfônica da Bahia, que comemora 30 anos de fundação este ano, foi regida pelos maestros Jaques Morelenbaum e Carlos Prazeres. A direção musical do show é de Gilberto Gil. A produção local, de Gil & Canella.
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