Casa do Benin, entre o Pelourinho e o Santo Antônio (Foto: Rita Barreto/Bahiatursa) |
Quem visita Salvador, na maioria das vezes gosta de cumprir os rituais que fazem parte da cidade. Comer acarajé - o famoso bolinho de feijão fradinho e cebola, frito no azeite de dendê e vendido nos históricos tabuleiros das baianas - é um deles. O que a maioria não sabe é que o acará, como é conhecido na África, é uma das deliciosas heranças dos negros do Benin que povoaram o Recôncavo Baiano.
Para que a cidade e seus visitantes conhecessem um pouco mais da forte cultura que se enraizou nesta terra, foi criada, há 24 anos, a Casa do Benin, fruto de um projeto do antropólogo e fotógrafo francês Pierre Verger (1902-1996). O centro de cultura africana e o único espaço cultural do Brasil especializado na cultura beninense. Inaugurada em 1988, foi resultado do intercâmbio mantido entre a Bahia e o Benin, através da capital, Cotonou, e por gestões de Verger.
Nesta quinta-feira, 10, o centro cultural completa 24 anos de fundação, e a data será comemorada com mesa redonda e aula espetáculo de samba de roda, a partir das 14h. Localizada na Rua Padre Agostinho, no Pelourinho (Centro Histórico de Salvador), a casa abriga uma coleção de objetos e obras de arte do antigo acervo do antropólogo, colhidas em viagens ao país africano.
Restauração manteve as características históricas (Foto: FGM/Prefeitura) |
O museu tem cerca de 280 peças, entre cerâmicas, artesanatos, objetos de rituais religiosos, brinquedos, artefatos de guerra, instrumentos musicais e tapeçarias. "A Casa do Benin tem a função de preservar e divulgar essa cultura que influenciou muito a Bahia", explica a museóloga e subgerente do espaço, Rosa Vieira de Melo. A influência cultural dos negros do Benin está marcada principalmente na culinária. Além do acarajé, é influência daquele povo a nossa famosa feijoada. Rosa destaca, ainda, que o acervo vem aumentando a cada ano. As últimas doações datam de 2011, feitas pelas autoridades do Benin, que visitaram a Bahia.
Para o turista que ainda não conhece o espaço, uma dica: além de admirar o acervo, preste atenção à arquitetura. O casarão histórico, ao pé da Ladeira do Pelourinho, teve projeto da arquiteta italiana Lina Bo Bardi (1914-1992). As linhas externas foram mantidas, preservando a característica do sobrado secular. Dentro, os espaços foram modernizados. A escada que liga o térreo ao primeiro andar, com apenas uma coluna de sustentação, é destaque na construção pela precisão em que foi calculada.
Arquitetura típica beninense nos jardins da casa (Foto: FGM/Prefeitura) |
A Casa do Benin também recebe visitas de turistas, estudantes e estudiosos da cultura afro. A exposição permanente das peças originárias do Benin fica no andar térreo. O primeiro piso abriga exposições temporárias e o segundo, o auditório. O local abre para palestras e outros eventos culturais, e realiza oficinas de capoeira, dança e culinária voltadas para a comunidade do Centro Histórico. (Fonte: PMS/Fundação Gregório de Mattos)
O Benin, localizado na região ocidental da África, foi chamado Daomé até 30 de novembro de 1974. Sua origem está ligada a civilizações antigas, formadas de reinos centralizados nas cidades-estados, e a sua história corresponde a de seus diferentes reinos: Reinos de Allada, de Abomé, de Porto Novo, de Ketou, Tchabè, de Nikki, de Djougou, entre outros. O Daomé foi colonizado pela França. Em 4 de dezembro 1958, foi proclamada a república e em 1º de agosto de 1960, o país consegue a independência. Em 1975, passou a chamar-se República Popular do Benin. Sua capital (sede do governo) é Cotonou e o idioma oficial é o francês. Fonte: Embaixada do Benin no Brasil. Veja fotos do país aqui.
2 comentários:
Estava procurando informações sobre a Casa de Benin e este blog foi o que melhor esclareceu. Muito bom e muito obrigada pelas informações. Vou usá-las em meu blog. Posso?
Olá. Pode sim, mas inclua um link para cá. Um abraço.
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